sexta-feira, 11 de maio de 2012

Crítica e reflexão na palestra do professor doutor Celso Vasconcellos


Professor Celso Vasconcellos durante a palestra
Professores desvalorizados, alunos desmotivados e sistema de educação ineficaz. O ensino brasileiro enfrenta inúmeros problemas, mas é possível mudar. Esta é a opinião do professor doutor Celso Vasconcellos, que discutiu os desafios e perspectivas do docente durante a palestra “E Agora, Professor? Desafios e Perspectivas”, realizada na primeira noite de atividades da IV Jornada da Educação.

O auditório ficou lotado com estudantes, professores e outros profissionais da área da educação, que se divertiram com a didática usada por Vasconcellos durante sua apresentação. O sucesso foi tamanho que houve transmissão simultânea em outro auditório, completamente ocupado. Ele começou apontando que a educação está pautada em um grande senso comum. Para superá-lo, é importante usar elementos teóricos e metodológicos como um meio de questionar o conteúdo vigente, que nem sempre é eficaz e atraente.

O professor criticou o sistema de ensino em que os estudantes são colocados uns atrás dos outros, dispostos de uma maneira que não proporciona integração. Para ele, a organização em rodas, comum na Educação Infantil, é melhor para o aprendizado. “Fazemos uma pedagogia mais avançada no infantil, depois a gente regride”.

Alunos e professores lotaram auditórios
Segundo o professor Vasconcellos, quem vai se tornar ou é um educador deve estar consciente do seu papel na sociedade, compreender e estar preparado para lidar com os alunos e a realidade. Para atingir esse patamar é preciso muito estudo. “Ser professor é muito mais complexo do que ser engenheiro”, opinou. “Se eu fosse ministro, a formação dos professores se daria em oito anos, em período integral, com estágio remunerado desde o primeiro ano”, disse. “Acho que nunca chegaria à Brasília com essa proposta”, brincou logo depois, arrancando risos da plateia.

Além da baixa remuneração, ressaltou o professor, o magistério é uma profissão que acaba se desdobrando em múltiplas funções. "Hoje, o professor tem que ser pai, mãe, psicólogo, bombeiro. É tanta solicitação que o professor fica sobrecarregado, estressado".

Para Vasconcellos, o problema é ainda maior nos colégios particulares. “O aluno, por pagar a mensalidade, acha que é o dono da escola”, disse. Por isso, a atuação da família é importante. "Hoje em dia, as crianças têm tudo, menos a certeza do amor dos pais", afirmou o professor, analisando como a vida contemporânea é centrada no dinheiro, enquanto as relações afetivas se deterioram.

Mesmo com todos os problemas, salientou Vasconcellos, o professor ainda tem grande credibilidade social e continua sendo uma das três profissões em que a população mais confia. “É um prazer ver o outro aprender com a sua mediação”.
(Texto: Deborah Regina e Gabriel Oliveira – Foto: João Paulo Figueiredo)

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